UNEB promove série de encontros e debates sobre a identidade africana no Brasil
A Universidade Estadual da Bahia (UNEB), em parceria com o Programa de Pós Graduação em Estudo de Linguagens (Ppgel), recebeu nesta quarta (15) professores, estudiosos, pesquisadores e militantes da causa negra para debaterem sobre a relação atual da identidade Brasil-África. Foram abordados temas como literatura e idiomas oriundos da África, a questão do ensino de história africana nas escolas brasileiras e formas de exclusão de escritores negros brasileiros.
Segundo os organizadores, um dos objetivos do encontro foi aprofundar o conhecimento sobre as línguas desenvolvidas na África, salientando as diversas vertentes literárias encontradas naquele continente, baseadas, ou não, na língua portuguesa. “Este encontro possibilita que as pessoas entendam um pouco mais sobre a importância dos africanos na construção do Brasil”, afirmou a historiadora Yeda de Castro, uma das idealizadoras do evento.
O professor Charles Moore, da Universidade do Caribe, sediada na Jamaica, foi enfático ao analisar as contradições entre a África idealizada e a África real. “Nós amamos a África e reconhecemos o continente em nós, mas precisamos desmistificá-lo. Hoje o racismo é um fator globalizado, um fator que afeta todas as sociedades”, disse Moore, especialista em política internacional e um dos mais conceituados estudiosos do pan-africanismo.
Bahia pioneira
A professora Marli Geralda Teixeira, doutora em História Social, além de tratar da pesquisa de fontes escritas e tradição oral, destacou que a Universidade Federal da Bahia foi a primeira do Brasil a adotar a disciplina História da África na sua grade curricular. “Isso aconteceu nos anos 60, época do Regime Militar e a nossa dificuldade em conseguir livros sobre o tema era enorme”, afirmou. Ela explicou ainda que foi a partir desse núcleo de professores e alunos que surgiu o Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO).
A influência em todos os níveis e a relação sócio-cultural entre brasileiros e africanos foram ressaltadas pelos palestrantes. Desde o português falado em países como Brasil e Angola à produção de literatura e música, ou ainda da prática religiosa aos gritos dos que se revoltaram contra as todas práticas de discriminação, o encontro revelou que há muito mais da África no Brasil do que comumente se supõe.
Foto: Tom Correia
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