sexta-feira, 15 de junho de 2007

Música alternativa promove transformações sociais na Bahia

DJ’s de Salvador falam sobre mercado, inclusão social e suas experiências pessoais para jovens da periferia.

Música eletrônica, transformação social e troca de experiências. Com esses temas o Encontro de DJ’s, que aconteceu neste sábado (14) no Baobá Café Social, trouxe os DJ’s Bandido, Pablo Florentino e André Urso, que falaram sobre suas carreiras, o panorama atual para os artistas e as interferências realizadas na periferia de Salvador através do hip hop, house e rap. Na platéia, jovens integrantes de projetos sociais, que tem a produção musical como base, participando com questionamentos e reflexões sobre o que é fazer uma música minoritária e de contestação, na capital baiana.

Ponto principal no discurso dos três palestrantes, foi unânime acentuar a dificuldade encontrada no mercado de trabalho. Os entraves estão presentes desde a desvalorização do profissional, passando pelos espaços restritos, falta de apoio e o alto investimento a ser dado na carreira (equipamento caro e discos de vinil chegam a custar R$ 80 cada, quando são usados numa noite, em média 50 discos). “Já me ofereceram R$ 200 para tocar durante seis horas no carnaval, isso é exploração”, diz Bandido. Ele, que passou quatro anos pesquisando antes de se apresentar pela primeira vez em público, aconselha a pesquisa para cada um conheça o seu estilo musical. “Estudem para conhecer a sua história, pois ela é seu estilo”, diz o morador do Nordeste de Amaralina, que já ministrou diversas oficinas em comunidades carentes.

André Urso, atuante no cenário da cidade há sete anos, quando começou a fazer parte da Pragatecno, enfatizou o aspecto histórico da produção musical. Urso acredita que seu trabalho é inclusivo a partir do momento em que permite a liberdade de expressão e pensamento. “A música sempre foi feita para incluir. Um instante de prazer que ela produz pode mudar os valores de quem a escuta”, diz. De mesma opinião, Pablo Florentino, o DJ Netuno, pesquisador do tema há cinco anos, morou no Rio e em São Paulo onde, além de notar que o tratamento dado aos DJ’s é diferenciado, entendeu a importância da música de raiz. Para ele é necessário fazer um resgate da música brasileira. “Ela pode nos influenciar como mensagem e como meio de informação”, afirma.

Entretanto, apesar do cenário desfavorável, novos grupos continuam a surgir. O Mini Stereo Público, composto de dez integrantes, nasceu há dois anos com a proposta de realizar interferências, em parceria com grafiteiros, em bairros como Saramandaia, Massaranduba e Boca do Rio, mesmo sem contar com nenhum tipo de incentivo público ou privado. Segundo um dos integrantes, Dj Dudu, “ser DJ é ser um guerrilheiro da música”, declara.

Inclusão Social e transformação
Moradores do Nordeste de Amaralina, Sueli Santos, Marcos Ramos e Joni Moreira, do grupo Na Linha do Caos, realizaram, em 2005, o Festival Ambulante de Hip Hop. O evento reuniu cerca de duas mil pessoas, engajadas com as letras das canções de protesto. Segundo eles, o hip hop transforma as pessoas através da sua linguagem, desde que elas estejam prontas para aceitar a transformação.

Fotos: Tom Correia