terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Projeto fotográfico se transforma em ONG com ênfase na inclusão social

Há um ano, exposição de Sérgio Guerra nas ruas de Salvador provocava reações em todos os segmentos da sociedade

Em janeiro de 2007 as ruas e avenidas de Salvador foram tomadas por uma exposição fotográfica até então inédita: 1500 imagens mostravam o povo baiano ressaltando suas origens africanas e levantando discussões em torno da questão social. O projeto Salvador Negroamor (SNA), de autoria do fotógrafo e publicitário Sérgio Guerra, além da proposta de intervir no cenário da cidade através de painéis e molduras com fotos de negros e negras, tinha também o objetivo de promover a auto-estima na população afrodescendente.

O roteiro da exposição abrangia seis grandes eixos compostos por avenidas e bairros estratégicos de Salvador, tornando visíveis uma realidade relegada a segundo plano pela mídia tradicional. Restritas aos ciclos de festas populares e ao Carnaval, uma das grandes provocações do projeto era fazer com que o baiano comum do dia-a-dia se reconhecesse nas fotografias. A repercussão da SNA atingiu o nível da polêmica, já que as fotografias expostas abordavam, além dos aspectos estéticos, a histórica desigualdade social, a reparação e a exclusão educacional. Segundo Guerra, “a exposição foi só um começo das ações que estão sendo realizadas, sempre com esse mesmo propósito”, afirma.

Entretanto, acima das críticas ou dos elogios, o mais relevante foram os desdobramentos que aconteceram após o encerramento da exposição, que durou cerca de 40 dias. Em abril do ano passado, por exemplo, uma campanha promovida pelo Portal Salvador Negroamor buscou intermediar a relação entre mão-de-obra e empresas, criando um banco de currículos voltados para os afrodescendentes. Na página virtual são veiculadas notícias de Salvador e da África, além de ser disponibilizado um conteúdo exclusivo destinado à cultura negra.

Projetos Educacionais
Além do Portal SNA, a exposição gerou também uma intervenção na Feira de São Joaquim, com a criação em 2007 de uma escola voltada para o reforço escolar para crianças e adolescentes, filhos dos feirantes e para alfabetização de adultos. Acompanhados por uma pedagoga, e em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, os alunos recebem orientações sobre cidadania, valores étnicos e aspectos da história e cultura africanas. Além disso, a associação está implementando o projeto “Capoeira nos Terreiros”, que , como diz o nome, pretende ministrar aulas de capoeira em terreiros de Salvador, em parceria com o núcleo CTE Capoeiragem, do contra-mestre Balão.

Para assistir ao documentário comemorativo da exposição SNA, clique aqui

Foto: Sérgio Guerra
Matéria editada por Thaiane Machado