Uma parceria entre a Secretaria Municipal da Reparação (Semur), de Habitação (Sehab), a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade (Seppir) e a Fundação Palmares, promoveu nesta quarta-feira (28), o lançamento do site do Mapeamento dos Terreiros de Salvador. O evento, transmitido ao vivo pela internet direto da Praça Municipal, encerrou as comemorações do Novembro Negro e contou com a presença de diversos representantes de casas religiosas e autoridades do poder público.
A pesquisa, coordenada pelo historiador Jocélio Teles, durou oito meses e foi realizada pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (Ceao). O objetivo era fazer uma radiografia das casas religiosas em atividade em Salvador e na Ilha de Maré, levantando dados sócio-ambientais e culturais, além de identificar as nações de cada uma delas. Ainda assim, houve alguma resistência. “Cerca de 30 terreiros se recusaram a participar e isso ainda é um reflexo da perseguição sofrida por eles no passado”, afirmou Teles. No total, foram registrados 1.159 Terreiros, a maioria deles localizados em bairros como Plataforma, Cajazeiras, Paripe, Liberdade e Cosme de Farias.
Para o Pai Raimundo, do Centro Umbandista Paz e Justiça, iniciativas como as do mapeamento de Terreiros é a confirmação de um lugar que sempre pertenceu aos adeptos das religiões de matrizes africanas. “Não estamos pedindo nada, merecemos uma posição de destaque na sociedade e agora estamos nos aliando às novas tecnologias”, declarou. Ele ainda se queixou da falta de união entre o povo de santo. “Hoje esta praça deveria estar lotada”, concluiu.
O subsecretário da Semur, Antônio Cosme, acredita que ações originadas pela Prefeitura representam um avanço sem precedentes na história de Salvador. “O Estado sempre perseguiu o Candomblé. Hoje, esse mesmo Estado promove a reparação disponibilizando meios democráticos de acesso à informação”, disse. Para ele, um site com conteúdo afro-religioso pode despertar o interesse das comunidades pela tecnologia, minimizando a exclusão digital na capital baiana.
Para acessar o site do Mapeamento dos Terreiros, clique aqui
Foto: Tom Correia