Palestras destacam atuação do núcleo afro-religioso da Polícia Militar da Bahia
Para comemorar os dois anos de fundação do Núcleo de Religiões de Matrizes Africanas da Polícia Militar do Estado da Bahia (NAFRO-PM), representantes de órgãos municipais, doutores em história africana e adeptos do Candomblé estiveram presentes nesta quinta-feira (09) no auditório do Ministério Público em Salvador.
Criado como forma de combater práticas preconceituosas e pejorativas entre policiais e servidores civis, o Nafro-PM, além de promover a difusão do conhecimento dos fundamentos religiosos no âmbito da corporação, promove ainda ações práticas que visam o combate a qualquer tipo de preconceito e discriminação dentro e fora dos quartéis. O comandante geral da PM no estado, Coronel Jorge Santana, um dos maiores incentivadores da iniciativa, se disse bastante orgulhoso ao ver a aceitação do núcleo. “A intolerância religiosa dentro da PM não existe mais. A prova disso é que temos presentes aqui um capelão evangélico, um capelão católico e um representante do núcleo espírita”, disse.
O sargento Eurico Alcântara, coordenador da Nafro-PM e Babalorixá do Terreiro Aloyá, localizado em Itapuã, afirmou que uma das atribuições do núcleo é conseguir licenças e afastamentos para que policiais cumpram suas obrigações religiosas. “Já temos 274 inscritos no núcleo e aos poucos os outros estão entendendo que o policial que assume sua religiosidade não comete os desatinos que seus colegas já cometeram”, destacou.
Reparação Histórica
A partir de 1920 a prática do Candomblé na Bahia sofreu forte repressão, quando seus adeptos eram perseguidos por policiais. Essas ações refletiam o pensamento de toda a sociedade baiana e não apenas da corporação. A criação do núcleo religioso dentro de uma instituição com quase duzentos anos de tradição como a Polícia Militar, é um avanço sem precedentes. O historiador Jaime Sodré foi enfático: “É a primeira vez na história que a PM se volta para a nossa ascendência africana”.
Nesses dois anos, a Nafro-PM, em parceria com o Quilombo Asantewaa – Centro de Formação para Mulheres Negras, desenvolveu um curso de relações raciais para cinqüenta policiais femininas. O curso teve disciplinas como “História do Negro na Bahia” e “Violências Policial, Racial e de Gênero”, além de “Cidadania e Segurança Pública”. Uma segunda experiência na área pedagógica foi uma capacitação em relações étnico-raciais, que formou cinqüenta multiplicadores entre sargentos e soldados.
Foto: Tom Correia
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
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