segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Moradores de antigos quilombos receberão certificado

Sessão Especial na Câmara dos Vereadores de Salvador concede voz às comunidades Quilombolas

Para marcar o início das comemorações da Semana da Consciência Negra, a Câmara Municipal de Salvador realizou na manhã desta segunda-feira (19), uma Sessão Especial com o tema “População Quilombola e a luta pelo direito à terra e à vida”. A iniciativa partiu da vereadora e militante do movimento negro, Olívia Santana, que além de apresentar representantes de doze comunidades remanescentes de quilombos, contou ainda com a participação de diversas autoridades de órgãos regionais do governo federal.

A abertura do evento foi marcada pela apresentação das Ganhadeiras de Itapuã, que mostraram ao público uma das manifestações populares mais famosas de origens africanas: o samba de roda. Para Olívia Santana, a realização da sessão especial nasceu da necessidade de despertar as populações dos grandes centros urbanos para a questão das comunidades quilombolas que vivem afastadas das capitais. “São elas [as comunidades] que mantêm viva a memória daqueles que lutaram contra a escravidão, contra a opressão”, declarou a vereadora.

Quilombos como os de Velame, Ilha de Maré, Sapiranga, Dandá, Mangal e Barro Vermelho, estiveram representados por líderes comunitários, que vieram a Salvador especialmente para participar da sessão. A representante da comunidade localizada em São Francisco do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, Maria das Dores Correia, subiu ao plenário para denunciar as dificuldades enfrentadas pelos moradores da região. “Vim aqui para dizer que não me sinto nada feliz vendo os meus irmãos passando tanta necessidade no meio de tantas terras que não produzem nada”, desabafou.

Certificação
Segundo dados mais recentes divulgados pela Fundação Palmares, existem no Brasil atualmente cerca de 1.113 comunidades identificadas, das quais 915 já possuem certificados atestando a condição de remanescentes de quilombos. Na Bahia, mais de 500 comunidades foram registradas e 209 obtiveram a certificação que protege as áreas de invasões por parte de fazendeiros, os maiores opositores ao reconhecimento das terras. “Hoje estamos trabalhando em cerca de 40 territórios quilombolas na Bahia e apesar de alguns problemas com os grandes proprietários rurais, não vamos deixar as comunidades desamparadas”, assegurou Luiz Fernandes, representante regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Foto: André Cypriano

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