Militantes históricos do movimento negro na Bahia divulgam realizações de inclusão social
Um encontro entre as principais lideranças dos blocos afros de Salvador foi realizado nesta quinta-feira (29) no Baobá Café Social. O bate-papo intitulado “Somos mais que Carnavais”, teve o objetivo de divulgar para público as intervenções sociais promovidas pelos blocos nas comunidades onde estão sediados. Na mesa, os diretores do Cortejo Afro, Alberto Pitta, do Olodum, João Jorge, e do grupo “Os Negões”, Valmir França, falaram sobre suas trajetórias e sobre os avanços obtidos pelos afrodescendentes após a politização dos blocos de origem negra.
Fundado em 1982, o bloco “Os Negões” foi criado por jovens negros que ansiavam por sair no Carnaval de Salvador. Na sua primeira participação, o grupo contou com 72 componentes e homenageou o músico e compositor Batatinha. De lá para cá, o bloco ganhou dimensões maiores, tornando-se cada vez mais consciente do seu papel na sociedade. “Nos últimos cinco anos estabelecemos uma ligação mais forte com música engajada, que combate o racismo e a discriminação”, afirmou Walmir França, um dos fundadores do grupo.
Já o grupo Cortejo Afro, fundado em 1990 pelo artista plástico Alberto Pitta, nasceu com a proposta modernizadora em termos de som, estética e postura mais crítica. Após se firmar como um dos blocos afro mais importantes de Salvador, o Cortejo voltou-se para a área social, oferecendo cursos gratuitos para jovens e crianças do Conjunto Pirajá I. Dentro do Terreiro Ilê Axé Oyá, de mãe Santinha, 40 alunos aprendem dança, música, percussão e capoeira. “Temos ainda um projeto pronto para ensinar tênis e natação para as crianças, estamos agora em busca de patrocínio”, declarou Pitta.
Revolução Olodum
“O Olodum foi uma revolução dentro da revolução”, assim declarou João Jorge ao falar sobre o surgimento de um dos blocos que mais contribuíram com a conscientização do Carnaval da Bahia. Até 1983 os grupos afro não tinham assumido a própria negritude e nem tinham um toque musical que os identificasse. Somente após as iniciativas de renovação do Olodum, outros blocos passaram a se comportar com mais autenticidade. A composição “Faraó”, de 1987, tornou-se um marco da música baiana e alavancou o sucesso do grupo, mas haviam objetivos mais profundos. “Queríamos transformar o carnaval festivo em ações afirmativas dentro das comunidades negras”, afirmou João Jorge.
Hoje, o Grupo Cultural Olodum oferece cursos de percussão à crianças e, em conseqüência, empregos a centenas de jovens músicos. Além disso, desde 2001 o grupo mantém um convênio com a Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), que reserva aos seus componentes quatro bolsas de estudos em cursos de graduação. Afirmando ser um “dinossauro da militância”, João Jorge parafraseou Nelson Mandela: “Luto contra qualquer tipo de supremacia, seja ela branca ou negra”.
Foto: Tom Correia
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Página virtual dos Terreiros de Salvador já pode ser acessada
Após oito meses de pesquisa, secretarias municipais lançam site com dados de 1.159 Terreiros de diversas nações
Uma parceria entre a Secretaria Municipal da Reparação (Semur), de Habitação (Sehab), a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade (Seppir) e a Fundação Palmares, promoveu nesta quarta-feira (28), o lançamento do site do Mapeamento dos Terreiros de Salvador. O evento, transmitido ao vivo pela internet direto da Praça Municipal, encerrou as comemorações do Novembro Negro e contou com a presença de diversos representantes de casas religiosas e autoridades do poder público.
A pesquisa, coordenada pelo historiador Jocélio Teles, durou oito meses e foi realizada pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (Ceao). O objetivo era fazer uma radiografia das casas religiosas em atividade em Salvador e na Ilha de Maré, levantando dados sócio-ambientais e culturais, além de identificar as nações de cada uma delas. Ainda assim, houve alguma resistência. “Cerca de 30 terreiros se recusaram a participar e isso ainda é um reflexo da perseguição sofrida por eles no passado”, afirmou Teles. No total, foram registrados 1.159 Terreiros, a maioria deles localizados em bairros como Plataforma, Cajazeiras, Paripe, Liberdade e Cosme de Farias.
Para o Pai Raimundo, do Centro Umbandista Paz e Justiça, iniciativas como as do mapeamento de Terreiros é a confirmação de um lugar que sempre pertenceu aos adeptos das religiões de matrizes africanas. “Não estamos pedindo nada, merecemos uma posição de destaque na sociedade e agora estamos nos aliando às novas tecnologias”, declarou. Ele ainda se queixou da falta de união entre o povo de santo. “Hoje esta praça deveria estar lotada”, concluiu.
O subsecretário da Semur, Antônio Cosme, acredita que ações originadas pela Prefeitura representam um avanço sem precedentes na história de Salvador. “O Estado sempre perseguiu o Candomblé. Hoje, esse mesmo Estado promove a reparação disponibilizando meios democráticos de acesso à informação”, disse. Para ele, um site com conteúdo afro-religioso pode despertar o interesse das comunidades pela tecnologia, minimizando a exclusão digital na capital baiana.
Para acessar o site do Mapeamento dos Terreiros, clique aqui
Uma parceria entre a Secretaria Municipal da Reparação (Semur), de Habitação (Sehab), a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade (Seppir) e a Fundação Palmares, promoveu nesta quarta-feira (28), o lançamento do site do Mapeamento dos Terreiros de Salvador. O evento, transmitido ao vivo pela internet direto da Praça Municipal, encerrou as comemorações do Novembro Negro e contou com a presença de diversos representantes de casas religiosas e autoridades do poder público.
A pesquisa, coordenada pelo historiador Jocélio Teles, durou oito meses e foi realizada pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (Ceao). O objetivo era fazer uma radiografia das casas religiosas em atividade em Salvador e na Ilha de Maré, levantando dados sócio-ambientais e culturais, além de identificar as nações de cada uma delas. Ainda assim, houve alguma resistência. “Cerca de 30 terreiros se recusaram a participar e isso ainda é um reflexo da perseguição sofrida por eles no passado”, afirmou Teles. No total, foram registrados 1.159 Terreiros, a maioria deles localizados em bairros como Plataforma, Cajazeiras, Paripe, Liberdade e Cosme de Farias.
Para o Pai Raimundo, do Centro Umbandista Paz e Justiça, iniciativas como as do mapeamento de Terreiros é a confirmação de um lugar que sempre pertenceu aos adeptos das religiões de matrizes africanas. “Não estamos pedindo nada, merecemos uma posição de destaque na sociedade e agora estamos nos aliando às novas tecnologias”, declarou. Ele ainda se queixou da falta de união entre o povo de santo. “Hoje esta praça deveria estar lotada”, concluiu.
O subsecretário da Semur, Antônio Cosme, acredita que ações originadas pela Prefeitura representam um avanço sem precedentes na história de Salvador. “O Estado sempre perseguiu o Candomblé. Hoje, esse mesmo Estado promove a reparação disponibilizando meios democráticos de acesso à informação”, disse. Para ele, um site com conteúdo afro-religioso pode despertar o interesse das comunidades pela tecnologia, minimizando a exclusão digital na capital baiana.
Para acessar o site do Mapeamento dos Terreiros, clique aqui
Foto: Tom Correia
terça-feira, 27 de novembro de 2007
“Espaço Vovó Conceição” é aberto a todos os segmentos sociais e religiosos
Terreiro Casa Branca oferece cursos gratuitos à comunidade num ambiente familiar e de tolerância religiosa.
Aprender técnicas de corte e costura, bordado, roupas de orixás e panos da costa num ambiente onde a diversidade é bem vinda. Dessa forma pode ser definido o Espaço Vovó Conceição, inaugurado em março deste ano por Dona Cinha, ekede do Terreiro Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca) , localizado na Avenida Vasco da Gama, em Salvador. Segundo a coordenadora do espaço, a idéia do projeto já tem mais de 20 anos, mas somente pôde ser realizado com o apoio de uma ONG que vem estimulando ações comunitárias em quinze terreiros da capital baiana.
Em abril passado foi iniciada a primeira turma de corte e costura em parceria com a ONG carioca “Koinonia", que cedeu catorze máquinas de costura, tecidos, linhas e acessórios. “O nosso objetivo é preservar a tradição das comunidades dos terreiros e valorizar as iniciativas de capacitação que se transformem em fontes de renda para as pessoas”, declarou Mara Vanessa, coordenadora pedagógica da organização em Salvador. Das quarenta inscritas, apenas quatro não se formaram porque conseguiram emprego.
Para Dona Cinha, o projeto, além de realizar um sonho antigo, também resgata a antiga tradição das comunidades do axé, que sempre produziram suas próprias roupas e adereços dos orixás. “Ultimamente, estamos comprando roupas no Mercado Modelo e no Pelourinho na mão de pessoas que não têm nada a ver com a nossa religião. As roupas de orixás precisam de um tratamento diferenciado, já que a energia de quem faz as roupas é diferente de quem apenas comercializa os produtos”, disse a ekede. Em relação às diferenças sociais e religiosas das alunas, ela é taxativa: “O Candomblé é a religião do amor e do respeito ao próximo, independente de cor, raça, opção sexual, de situação financeira. Estamos abertos a todos os segmentos sociais, sempre com respeito”.
Sem ser adepta de nenhuma religião, a professora Maria José ressalta a transformação das alunas oriundas de famílias preconceituosas em relação ao Candomblé. “Elas chegam aqui desconfiadas, resistentes, esperando encontrar algum tipo de monstro. Mas com o tempo elas percebem a energia da casa, da proposta do espaço e passam a fazer parte da nossa família”. Ela afirmou ainda que no espaço há o costume de ouvir umas às outras para identificar as necessidades e uma maneira de ajudar o outro.
Novas Turmas
Funcionando de segunda a quinta, o Vovó Conceição promove às sextas uma troca de conhecimento entre as alunas: quem sabe fazer algo ensina às colegas. Desde bolsas, bonecas, até a bainha aberta, uma espécie de bordado a mão para panos da costa. Também estão no programa aulas de Direito e Cidadania. A aluna Lícia Santos, pertencente ao Terreiro Oxumaré, freqüentou as aulas de corte e costura e pretende se tornar uma empreendedora. “Quero abrir meu próprio ateliê para produzir roupas e acessórios que aprendi a fazer aqui”, declarou. Entre e fevereiro e março de 2008, uma nova turma deverá ser montada e novos cursos deverão ser oferecidos gratuitamente.
Aprender técnicas de corte e costura, bordado, roupas de orixás e panos da costa num ambiente onde a diversidade é bem vinda. Dessa forma pode ser definido o Espaço Vovó Conceição, inaugurado em março deste ano por Dona Cinha, ekede do Terreiro Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca) , localizado na Avenida Vasco da Gama, em Salvador. Segundo a coordenadora do espaço, a idéia do projeto já tem mais de 20 anos, mas somente pôde ser realizado com o apoio de uma ONG que vem estimulando ações comunitárias em quinze terreiros da capital baiana.
Em abril passado foi iniciada a primeira turma de corte e costura em parceria com a ONG carioca “Koinonia", que cedeu catorze máquinas de costura, tecidos, linhas e acessórios. “O nosso objetivo é preservar a tradição das comunidades dos terreiros e valorizar as iniciativas de capacitação que se transformem em fontes de renda para as pessoas”, declarou Mara Vanessa, coordenadora pedagógica da organização em Salvador. Das quarenta inscritas, apenas quatro não se formaram porque conseguiram emprego.
Para Dona Cinha, o projeto, além de realizar um sonho antigo, também resgata a antiga tradição das comunidades do axé, que sempre produziram suas próprias roupas e adereços dos orixás. “Ultimamente, estamos comprando roupas no Mercado Modelo e no Pelourinho na mão de pessoas que não têm nada a ver com a nossa religião. As roupas de orixás precisam de um tratamento diferenciado, já que a energia de quem faz as roupas é diferente de quem apenas comercializa os produtos”, disse a ekede. Em relação às diferenças sociais e religiosas das alunas, ela é taxativa: “O Candomblé é a religião do amor e do respeito ao próximo, independente de cor, raça, opção sexual, de situação financeira. Estamos abertos a todos os segmentos sociais, sempre com respeito”.
Sem ser adepta de nenhuma religião, a professora Maria José ressalta a transformação das alunas oriundas de famílias preconceituosas em relação ao Candomblé. “Elas chegam aqui desconfiadas, resistentes, esperando encontrar algum tipo de monstro. Mas com o tempo elas percebem a energia da casa, da proposta do espaço e passam a fazer parte da nossa família”. Ela afirmou ainda que no espaço há o costume de ouvir umas às outras para identificar as necessidades e uma maneira de ajudar o outro.
Novas Turmas
Funcionando de segunda a quinta, o Vovó Conceição promove às sextas uma troca de conhecimento entre as alunas: quem sabe fazer algo ensina às colegas. Desde bolsas, bonecas, até a bainha aberta, uma espécie de bordado a mão para panos da costa. Também estão no programa aulas de Direito e Cidadania. A aluna Lícia Santos, pertencente ao Terreiro Oxumaré, freqüentou as aulas de corte e costura e pretende se tornar uma empreendedora. “Quero abrir meu próprio ateliê para produzir roupas e acessórios que aprendi a fazer aqui”, declarou. Entre e fevereiro e março de 2008, uma nova turma deverá ser montada e novos cursos deverão ser oferecidos gratuitamente.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Moradores de antigos quilombos receberão certificado
Sessão Especial na Câmara dos Vereadores de Salvador concede voz às comunidades Quilombolas
Para marcar o início das comemorações da Semana da Consciência Negra, a Câmara Municipal de Salvador realizou na manhã desta segunda-feira (19), uma Sessão Especial com o tema “População Quilombola e a luta pelo direito à terra e à vida”. A iniciativa partiu da vereadora e militante do movimento negro, Olívia Santana, que além de apresentar representantes de doze comunidades remanescentes de quilombos, contou ainda com a participação de diversas autoridades de órgãos regionais do governo federal.
A abertura do evento foi marcada pela apresentação das Ganhadeiras de Itapuã, que mostraram ao público uma das manifestações populares mais famosas de origens africanas: o samba de roda. Para Olívia Santana, a realização da sessão especial nasceu da necessidade de despertar as populações dos grandes centros urbanos para a questão das comunidades quilombolas que vivem afastadas das capitais. “São elas [as comunidades] que mantêm viva a memória daqueles que lutaram contra a escravidão, contra a opressão”, declarou a vereadora.
Quilombos como os de Velame, Ilha de Maré, Sapiranga, Dandá, Mangal e Barro Vermelho, estiveram representados por líderes comunitários, que vieram a Salvador especialmente para participar da sessão. A representante da comunidade localizada em São Francisco do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, Maria das Dores Correia, subiu ao plenário para denunciar as dificuldades enfrentadas pelos moradores da região. “Vim aqui para dizer que não me sinto nada feliz vendo os meus irmãos passando tanta necessidade no meio de tantas terras que não produzem nada”, desabafou.
Certificação
Segundo dados mais recentes divulgados pela Fundação Palmares, existem no Brasil atualmente cerca de 1.113 comunidades identificadas, das quais 915 já possuem certificados atestando a condição de remanescentes de quilombos. Na Bahia, mais de 500 comunidades foram registradas e 209 obtiveram a certificação que protege as áreas de invasões por parte de fazendeiros, os maiores opositores ao reconhecimento das terras. “Hoje estamos trabalhando em cerca de 40 territórios quilombolas na Bahia e apesar de alguns problemas com os grandes proprietários rurais, não vamos deixar as comunidades desamparadas”, assegurou Luiz Fernandes, representante regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
Foto: André Cypriano
Para marcar o início das comemorações da Semana da Consciência Negra, a Câmara Municipal de Salvador realizou na manhã desta segunda-feira (19), uma Sessão Especial com o tema “População Quilombola e a luta pelo direito à terra e à vida”. A iniciativa partiu da vereadora e militante do movimento negro, Olívia Santana, que além de apresentar representantes de doze comunidades remanescentes de quilombos, contou ainda com a participação de diversas autoridades de órgãos regionais do governo federal.
A abertura do evento foi marcada pela apresentação das Ganhadeiras de Itapuã, que mostraram ao público uma das manifestações populares mais famosas de origens africanas: o samba de roda. Para Olívia Santana, a realização da sessão especial nasceu da necessidade de despertar as populações dos grandes centros urbanos para a questão das comunidades quilombolas que vivem afastadas das capitais. “São elas [as comunidades] que mantêm viva a memória daqueles que lutaram contra a escravidão, contra a opressão”, declarou a vereadora.
Quilombos como os de Velame, Ilha de Maré, Sapiranga, Dandá, Mangal e Barro Vermelho, estiveram representados por líderes comunitários, que vieram a Salvador especialmente para participar da sessão. A representante da comunidade localizada em São Francisco do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, Maria das Dores Correia, subiu ao plenário para denunciar as dificuldades enfrentadas pelos moradores da região. “Vim aqui para dizer que não me sinto nada feliz vendo os meus irmãos passando tanta necessidade no meio de tantas terras que não produzem nada”, desabafou.
Certificação
Segundo dados mais recentes divulgados pela Fundação Palmares, existem no Brasil atualmente cerca de 1.113 comunidades identificadas, das quais 915 já possuem certificados atestando a condição de remanescentes de quilombos. Na Bahia, mais de 500 comunidades foram registradas e 209 obtiveram a certificação que protege as áreas de invasões por parte de fazendeiros, os maiores opositores ao reconhecimento das terras. “Hoje estamos trabalhando em cerca de 40 territórios quilombolas na Bahia e apesar de alguns problemas com os grandes proprietários rurais, não vamos deixar as comunidades desamparadas”, assegurou Luiz Fernandes, representante regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
Foto: André Cypriano
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Fred Hamptom Jr. quer estreitar laços entre os movimentos negros
Filho de um dos fundadores dos Panteras Negras visita a Bahia pela primeira vez para estabelecer rede panafricanista
“Enquanto existir fome, AIDS, guerras e pobreza na África, todos os dias serão um 11 de setembro para nós”. Essa foi uma das afirmações de Fred Hamptom Jr. durante conferência nesta terça-feira (13) realizada na Biblioteca Pública do Estado, nos Barris. O ativista norte-americano veio ao Brasil a convite do Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos (CNNC) para falar do legado deixado pelo seu pai, Fred Hamptom, assassinado aos 21 anos pela polícia de Chicago, no dia 4 de dezembro de 1969.
O tema do encontro foi “Tecendo as Redes Panafricanistas” e representantes de diversas entidades atuantes na Bahia estiveram presentes. Michel Chagas, integrante da “Campanha Reaja ou Será Morto! Reaja ou Será Morta!” acusou a política de “genocídio” praticada pelos governantes brasileiros. “Vamos transformar cada morte de negro e negra na periferia num ato político”, anunciou. Ele disse ainda que a campanha também se inspirou nas atuações nos anos 70 do grupo revolucionário negro norte-americano. Para Suzete Lima, secretária-geral do CNNC, a vinda de Hamptom Jr. veio promover um intercâmbio com as organizações envolvidas com o movimento negro no Brasil e na Bahia. “Através da história do pai dele, que ajudou a fundar os Panteras Negras, os jovens que assistiram sua palestra puderam conhecer de perto o que é lutar contra a opressão”, declarou.
Hamptom Jr. envolveu-se desde cedo na luta contra a discriminação racial do seu país e aos 20 anos já era presidente de um movimento defensor dos direitos dos negros nos Estados Unidos. Passou a ser perseguido pelo governo e terminou condenado a nove anos de prisão em “campos de concentração” do estado de Illinois. Foi libertado em 2001 e intensificou as atividades do Comitê Prisioneiros da Consciência (POCC), fundado por ele quando ainda estava na cadeia. “Hoje mantemos contato com líderes de movimentos na Tanzânia e Gana, mas também precisamos nos aproximar mais dos nossos irmãos no Brasil”, afirmou.
Panteras Negras
O partido de ambições revolucionárias foi criado por Huey Newton e Bobby Seale em 1966 na Califórnia, Estados Unidos. Originalmente o grande objetivo dos seus partidários era proteger os guetos negros das ações repressoras e violentas por parte da polícia norte-americana, mas o grupo foi se tornando cada vez mais político. Os Panteras Negras foram aos poucos se consolidando ao reivindicar do governo isenção de impostos para os negros e compensação pelos séculos de exploração pela escravatura. No auge do grupo, cerca de 2 mil ativistas elevaram a auto-estima negra com a expansão do Movimento Black Power. Em meados dos anos 80 o grupo se desfez, mas a herança deixada por líderes como Fred Hamptom permanece espalhada no mundo inteiro até hoje.
Foto: Tom Correia
“Enquanto existir fome, AIDS, guerras e pobreza na África, todos os dias serão um 11 de setembro para nós”. Essa foi uma das afirmações de Fred Hamptom Jr. durante conferência nesta terça-feira (13) realizada na Biblioteca Pública do Estado, nos Barris. O ativista norte-americano veio ao Brasil a convite do Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos (CNNC) para falar do legado deixado pelo seu pai, Fred Hamptom, assassinado aos 21 anos pela polícia de Chicago, no dia 4 de dezembro de 1969.
O tema do encontro foi “Tecendo as Redes Panafricanistas” e representantes de diversas entidades atuantes na Bahia estiveram presentes. Michel Chagas, integrante da “Campanha Reaja ou Será Morto! Reaja ou Será Morta!” acusou a política de “genocídio” praticada pelos governantes brasileiros. “Vamos transformar cada morte de negro e negra na periferia num ato político”, anunciou. Ele disse ainda que a campanha também se inspirou nas atuações nos anos 70 do grupo revolucionário negro norte-americano. Para Suzete Lima, secretária-geral do CNNC, a vinda de Hamptom Jr. veio promover um intercâmbio com as organizações envolvidas com o movimento negro no Brasil e na Bahia. “Através da história do pai dele, que ajudou a fundar os Panteras Negras, os jovens que assistiram sua palestra puderam conhecer de perto o que é lutar contra a opressão”, declarou.
Hamptom Jr. envolveu-se desde cedo na luta contra a discriminação racial do seu país e aos 20 anos já era presidente de um movimento defensor dos direitos dos negros nos Estados Unidos. Passou a ser perseguido pelo governo e terminou condenado a nove anos de prisão em “campos de concentração” do estado de Illinois. Foi libertado em 2001 e intensificou as atividades do Comitê Prisioneiros da Consciência (POCC), fundado por ele quando ainda estava na cadeia. “Hoje mantemos contato com líderes de movimentos na Tanzânia e Gana, mas também precisamos nos aproximar mais dos nossos irmãos no Brasil”, afirmou.
Panteras Negras
O partido de ambições revolucionárias foi criado por Huey Newton e Bobby Seale em 1966 na Califórnia, Estados Unidos. Originalmente o grande objetivo dos seus partidários era proteger os guetos negros das ações repressoras e violentas por parte da polícia norte-americana, mas o grupo foi se tornando cada vez mais político. Os Panteras Negras foram aos poucos se consolidando ao reivindicar do governo isenção de impostos para os negros e compensação pelos séculos de exploração pela escravatura. No auge do grupo, cerca de 2 mil ativistas elevaram a auto-estima negra com a expansão do Movimento Black Power. Em meados dos anos 80 o grupo se desfez, mas a herança deixada por líderes como Fred Hamptom permanece espalhada no mundo inteiro até hoje.
Foto: Tom Correia
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Sankofa's traz a África para a Bahia
Único bar de Salvador com temática africana, local oferece programação musical variada na noite do Pelourinho.
Um bar temático onde as pessoas se encontram não apenas para beber e dançar ao som de uma música de qualidade, mas também onde é possível ter contato com a essência da cultura africana. Assim pode ser definido o Sankofa's Bar, inaugurado há seis meses no Centro Histórico de Salvador mas que a partir de novembro começa a oferecer ao público atrações mais diversificadas, incluindo salsa, forró, semba e samba de raiz. Shows com performances de DJ's e de bandas como Válvula D'Scap e Tropicola fazem parte da programação.
O bar surgiu quando o DJ Justine Lloyd, nascido em Gana, percebeu que não existia na Bahia um ambiente onde uma África original pudesse ser encontrada. Junto com mais dois amigos, um nigeriano que mora nos Estados Unidos e outro jamaicano que mora na Inglaterra, ele iniciou o projeto, que pretende ser mais do que um local de entretenimento. A burocracia para conseguir um imóvel no Pelourinho não desestimulou Lloyd. “Levei quatro anos para encontrar esse espaço aqui e só conseguimos abrir o bar depois da ajuda de meus amigos”, declarou.
O Sankofa's tem capacidade para 200 pessoas e funciona de terça a domingo a partir das 22 horas, na Rua Frei Vicente, Pelourinho. Decorado com bandeiras de países africanos e elementos da cultura negra, ali também é possível assistir, gratuitamente, filmes, documentários e novelas produzidas na África. A média de público é de 140 pessoas que pagam de 10 a 12 reais pelo ingresso. A frequência aumenta nos dias de terça, com show de salsa, e sexta, com apresentação de semba [música tradicional angolana, também conhecida como umbigada]. A jornalista Sueide Kintê, 22, é uma das freqüentadoras do bar. Ela afirma que os shows são como uma festa de largo com qualidade no atendimento e segurança. “Aqui encontro as cores e energia da África sem exotismo e sem folclore”, afirma.
Intercâmbio Bahia-África
Além do bar, no qual foram investidos cerca de R$ 200 mil, Justine Lloyd pretende lançar a médio prazo projetos na área social. A idéia é ensinar cultura e idioma africanos a crianças de bairros carentes de Salvador, estabelecendo um intercâmbio entre países africanosa e a Bahia. O músico acredita que seja necessário resgatar a imagem do continente negro junto aos baianos. “Queremos passar conhecimento para os meninos e meninas daqui através das nossas raízes e mostrar para eles que a África não é só guerra, fome e pobreza”, afirmou Lloyd.
Foto: Divulgação
Um bar temático onde as pessoas se encontram não apenas para beber e dançar ao som de uma música de qualidade, mas também onde é possível ter contato com a essência da cultura africana. Assim pode ser definido o Sankofa's Bar, inaugurado há seis meses no Centro Histórico de Salvador mas que a partir de novembro começa a oferecer ao público atrações mais diversificadas, incluindo salsa, forró, semba e samba de raiz. Shows com performances de DJ's e de bandas como Válvula D'Scap e Tropicola fazem parte da programação.
O bar surgiu quando o DJ Justine Lloyd, nascido em Gana, percebeu que não existia na Bahia um ambiente onde uma África original pudesse ser encontrada. Junto com mais dois amigos, um nigeriano que mora nos Estados Unidos e outro jamaicano que mora na Inglaterra, ele iniciou o projeto, que pretende ser mais do que um local de entretenimento. A burocracia para conseguir um imóvel no Pelourinho não desestimulou Lloyd. “Levei quatro anos para encontrar esse espaço aqui e só conseguimos abrir o bar depois da ajuda de meus amigos”, declarou.
O Sankofa's tem capacidade para 200 pessoas e funciona de terça a domingo a partir das 22 horas, na Rua Frei Vicente, Pelourinho. Decorado com bandeiras de países africanos e elementos da cultura negra, ali também é possível assistir, gratuitamente, filmes, documentários e novelas produzidas na África. A média de público é de 140 pessoas que pagam de 10 a 12 reais pelo ingresso. A frequência aumenta nos dias de terça, com show de salsa, e sexta, com apresentação de semba [música tradicional angolana, também conhecida como umbigada]. A jornalista Sueide Kintê, 22, é uma das freqüentadoras do bar. Ela afirma que os shows são como uma festa de largo com qualidade no atendimento e segurança. “Aqui encontro as cores e energia da África sem exotismo e sem folclore”, afirma.
Intercâmbio Bahia-África
Além do bar, no qual foram investidos cerca de R$ 200 mil, Justine Lloyd pretende lançar a médio prazo projetos na área social. A idéia é ensinar cultura e idioma africanos a crianças de bairros carentes de Salvador, estabelecendo um intercâmbio entre países africanosa e a Bahia. O músico acredita que seja necessário resgatar a imagem do continente negro junto aos baianos. “Queremos passar conhecimento para os meninos e meninas daqui através das nossas raízes e mostrar para eles que a África não é só guerra, fome e pobreza”, afirmou Lloyd.
Foto: Divulgação
Assinar:
Postagens (Atom)